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O setor elétrico brasileiro está prestes a passar por transformações significativas nos próximos anos, impulsionado por oito megatendências que abrangem desde a geração até o consumo de energia. Essas tendências foram destacadas em um estudo recente da consultoria de energia Envol, que prevê mudanças profundas no Sistema Elétrico Brasileiro (SEB) até 2034.

1. Hidrogênio Verde

Atualmente, 95% do hidrogênio é produzido a partir de combustíveis fósseis. A transição para o hidrogênio verde, produzido por meio de fontes renováveis, está ganhando força globalmente, especialmente na União Europeia, China e Estados Unidos, como parte dos esforços para reduzir as emissões de carbono. O Brasil, com sua matriz energética limpa, está bem posicionado para liderar a produção de hidrogênio renovável, uma peça-chave na busca pela neutralidade de carbono até 2050.

2. Armazenamento de Energia

A crescente participação de fontes renováveis na matriz energética aumenta a demanda por flexibilidade nos sistemas elétricos. Tecnologias de armazenamento, como baterias de lítio, permitem armazenar excedentes de energia, garantindo redes mais estáveis e eficientes. O armazenamento de energia é uma tecnologia promissora no processo de transição energética, tanto para uso associado à geração de energia renovável quanto no transporte, como em carros elétricos.

3. Transição Energética

Embora as fontes renováveis estejam em expansão, desafios como a dependência de metais raros e a integração do hidrogênio verde indicam que o abandono total dos combustíveis fósseis ainda exige esforços globais coordenados. O Brasil, com 80% da energia gerada a partir de fontes renováveis, pode se posicionar como protagonista na transição energética global, aproximando-se dos países desenvolvidos.

4. Recursos Energéticos Distribuídos (REDs)

Os REDs são unidades de geração e consumo de energia localizadas próximas ao consumidor, geralmente no nível de distribuição, como sistemas de geração distribuída (GD). No Brasil, a GD alcançou uma capacidade instalada de aproximadamente 35 GW em 2024. Nos próximos anos, a discussão sobre como aprimorar as regras comerciais e regulatórias dos REDs ganhará relevância, incluindo o papel do agregador na liquidação e comercialização de energia.

5. Veículos Elétricos

Enquanto a China lidera a adoção de veículos elétricos, o Brasil avança gradualmente nessa transição, que depende de melhorias na infraestrutura de recarga e no custo-benefício das baterias. A expansão dos veículos elétricos no país está atrelada ao desenvolvimento de uma infraestrutura robusta e à adoção de políticas públicas que incentivem o uso de tecnologias limpas no transporte.

6. Inteligência Artificial (IA)

A IA está transformando a gestão de sistemas elétricos, otimizando recursos renováveis e prevendo padrões de consumo. No entanto, a regulação precisa acompanhar o ritmo dessa evolução tecnológica para garantir a segurança e a eficiência do sistema elétrico. A aplicação de IA no setor elétrico pode melhorar a eficiência operacional e a tomada de decisões, mas requer um arcabouço regulatório adequado.

7. Digitalização dos Sistemas Elétricos

A digitalização, que inclui desde medidores inteligentes até automação avançada, traz eficiência, mas também novos desafios, como garantir a privacidade dos dados dos consumidores. A modernização digital do setor elétrico é essencial para integrar novas tecnologias e melhorar a qualidade do serviço, mas deve ser acompanhada de medidas de segurança cibernética.

8. Eletrificação da Sociedade

Impulsionada por fontes renováveis, a eletrificação busca substituir combustíveis fósseis em diversas aplicações, como transporte e aquecimento. Essa transição exige redes de transmissão mais robustas e estáveis para suportar o aumento da demanda por eletricidade. A eletrificação ampla da sociedade é um passo fundamental para a descarbonização, mas requer investimentos significativos em infraestrutura elétrica.

Apesar das oportunidades, o Brasil ainda enfrenta desafios regulatórios para transformar essas tendências em realidade. É necessário evitar o ‘lock-in’ tecnológico, que limita o setor a soluções únicas, e criar uma regulação que equilibre custos e riscos entre investidores, consumidores e a sociedade. Para garantir o sucesso da transição energética, o estudo recomenda uma abordagem regulatória baseada em boas práticas internacionais, adaptadas às especificidades do sistema energético brasileiro.

Em resumo, as próximas décadas serão decisivas para o setor elétrico brasileiro, com a adoção dessas megatendências potencializando a transição para uma matriz energética mais sustentável e eficiente.